“Os anseios de Unidade nascem e amadurecem da renovação da mente e da abnegação de si mesmo.” (Vaticano II – Reintegração da Unidade. nº 7) 2014

ORIENTAÇÕES PASTORAIS – QUEM PODE RECEBER O BATISMO:

(Bibliografia: “ORIENTAÇÕES E NORMAS DIOCESANAS PARA OS SACRAMENTOS” – DIOCESE DE PIRACICABA – SUB-REGIÃO CAMPINAS SUL 1 DA CNBB – páginas 12 e 13 – ano: 2014).

QUEM PODE RECEBER O BATISMO:

Item 11. São considerados “válidos” pela Igreja Católica os batismos realizados nas seguintes igrejas não católicas:

a. Igrejas orientais (“ortodoxas”, que não estão em comunhão plena com a Igreja Católica Romana, das quais, pelo menos, seis se encontram presentes no Brasil);

b. Igreja Vetero Católica;

c. Igreja Episcopal do Brasil (“Anglicanos”);

d. Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB);

e. Igreja Evangélica Luterana no Brasil (IECLB);

f. Igreja Metodista;

g. Outras igrejas pentecostais: Assembléia de Deus; Congregação Cristã do Brasil; Igreja do Evangelho Quadrangular; Igreja Deus é Amor; Igreja Evangélica Pentecostal “O Brasil para Cristo”; Exército da Salvação e outras.

Item 12. Um cristão batizado numa dessas igrejas não pode ser normalmente “rebatizado”, nem sequer sob condição. Entretanto, exige-se de quem já foi batizado, e desejam integrar-se na Igreja Católica, uma profissão de fé que seja formalizada em ato público perante a comunidade; por esta profissão de fé ele é recebido na Igreja Católica (cf. C.D.C. cân. 11). Feita a Profissão de Fé e, antes de receberem o Sacramento da Eucaristia, da Crisma ou do Matrimônio, precisa confessar-se com o Sacerdote. É necessário que tragam da Igreja onde foi batizado, um Atestado de Batismo.

Item 13. sérias dúvidas quanto à validade do batismo administrado pelas Igrejas Brasileiras (a ICAB e as dela derivadas que, não raro, se autointitulam “apostólicas!, “ortodoxas”, etc.) e pela Igreja Universal do Reino de Deus (segundo a orientação da assessoria canônica da CNBB, há dúvidas sobre a reta intenção deste grupo pentecostal). Nesses casos, deve-se batizar sob condição (cf. CNBB n. 25).

Item 14. São certamente considerados nulos os batizados feitos nas seguintes igrejas, seitas ou grupos religiosos:

a. Igreja Pentecostal Unida do Brasil (costuma batizar apenas “Em nome do Senhor Jesus” e não em nome de toda a Santíssima Trindade);

b. Mórmon ou dos Santos dos Últimos Dias (negam a divindade de Cristo, no sentido autêntico e, consequentemente, seu papel redentor);

c. Testemunhas de Jeová (negam a fé na Santíssima Trindade);

d. Ciência Cristã;

e. Messiânica ou da Unificação do Reverendo Moon;

f. Cientologia;

g. Grupos como os da Umbanda, Candomblé e outros menos conhecidos.

(Bibliografia: “ORIENTAÇÕES E NORMAS DIOCESANAS PARA OS SACRAMENTOS” – DIOCESE DE PIRACICABA – SUB-REGIÃO CAMPINAS SUL 1 DA CNBB – páginas 12 e 13 – ano: 2014).

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

TEOLOGIA PARA LEIGOS - HISTÓRIA DE ISRAEL DIOCESE DE PIRACICABA – 2º SEMESTRE DE 2012 (Prof. Adelino F. de Oliveira - contatos:e-mail: adelino.oliveira@terra.com.br [19] 9793-3739)


TEOLOGIA PARA LEIGOS - HISTÓRIA DE ISRAEL
DIOCESE DE PIRACICABA – 2º SEMESTRE DE 2012
(Prof. Adelino F. de Oliveira -  contatos:e-mail: adelino.oliveira@terra.com.br [19] 9793-3739)


FORMAÇÃO DO POVO DE ISRAEL (1400 - 1250 a.E.C.)

·      Domínio do Império Egípcio  1400 - 1300
·      Sistema Feudal Cananeu  - Cidades-Estado  (Gn 47, 13-25)
·      Cidades fortificadas com autonomia econômica, política, militar e administrativa.
·      mantém-se, economicamente, por meio de tributos
·      formada por clãs patriarcais
·      fuga: semi-nômades - camponeses que perderam a terra e foram tentar a vida nas estepes, criando gado pequeno (cabrito, ovelha).
·      quem não consegue pagar os tributos, primeiramente, perde os filhos, depois as terras e, por último, sua própria liberdade


·      Grupos que formaram Israel 

1.  Semi-nômades:
·      ex-camponeses que buscaram alternativas de sobrevivência: a produção pastoril (pequeno rebanho). Locomoviam-se com facilidade (viviam nas estepes)
·      organização social: família patriarcal (30 a 50 pessoas), na qual o líder é o patriarca (ancião).
·      organização patriarcal e patrilinear (é a mulher que deixa seu clã para morar no clã do marido).
·      religião: concepção de divindade doméstica: ‘El de Abraão; ‘El de Isaac; ‘El de Jacó; ‘El de Jacó...
·      quando um grupo chegava em um lugar, a primeira atividade que realizava era levantar um altar de pedra, no qual se realizava sacrifícios, e, seguidamente, pintar o mastro da tenda com o sangue do cordeiro (Rito Apotropaico).

2.  Sinaítico (deserto)
·      originários das montanhas de Seir, exploradores de minas de cobre e estanho
·      região de fenômenos sísmicos - vulcão
·      grupos que trabalhavam na exploração do minério: os quenitas. Identidade étinica: a realização de um trabalho comum.
·      divindade: Javé  - das montanhas, do barulho (trovão), da fumaça

3.  Hapirus
·      ex- camponeses endividados que perderam suas terras devido aos altos tributos.
·      refugiam-se nas montanhas e sobrevivem de saques às caravanas e da prestação de serviços como exército mercenário.
·      revolução tecnológica na “era do ferro”
·      o machado de ferro, que possibilitou o desmatamento de novas regiões nas montanhas, abrindo novos campos para a agricultura
·      a descoberta do cal para a construção de cisternas e, assim, o velamento da água.
·      organização social: família patriarcal
·      no campo religioso não se tem muitos dados, provavelmente negavam a religião de Baal, deus utilizado para sustentar a estrutura das cidades-estado, logo, deus opressor.

4.  Hebreus
·      não é uma etnia e sim uma categoria social (escravos no Egito)
·      teoria da conquista (já está superada)
·      acredita que os fugitivos do Egito massivamente ocuparam e tomaram a terra de Canaã.
·      teoria da revolução  (“Tribos de Javé” - Norman K. Gottwald)
·      os fugitivos do Egito foram ocupando as terra da planície de maneira paulatina, neste momento os hapirus e os semi-nômades também se dirigem para Canaã.

A SOLIDARIEDADE DA GUERRILHA QUE PROPORCIONOU A COSTURA DE UMA IDENTIDADE DE ISRAEL


TRIBOS DE ISRAEL - 200 ANOS DE TRIBALISMO IGUALITÁRIO
1.  Tomada da Terra (dois relatos):
·      Jz 1,16-36: a terra é tomada, com muita luta, pelas guerrilhas regionais
·      Js 12,7-24: a terra é tomada triunfaumente, mediante a ação de um único exército liderado por Josué (juiz da região de Judá - a mesma de Davi)
·      nas diversas regiões de Canaã a formação de Israel se deu de modo diferenciado. Textos bíblicos nos fornecem informações sobre a gradativa organização. Em meio aos próprios territórios das cidades-estado foram surgindo grupos organizados.

·      Economia:
·      A terra é de Javé (distribuição proporcional)
·      os excedentes da produção (as sobras) eram levadas para as festas, onde, durante 7 dias, eram utilizadas
·      os saques de guerra eram proibidos, pois nenhum grupo poderia ficar mais forte economicamente que o outro (Js 6, 18-19)
·      Liderança / política:
·      as tribos são governadas por um conselho de juizes, normalmente os anciões das tribos.
·      em tempos de conflitos um dos juizes assume a função de coordenar e formar um exército, que é composto por membros das diferentes tribos.
·      Teologia (ideologia religiosa):
·      a fé em Javé como único Deus libertador (experiência exodal)
·      O livro do Êxodo narra como um grupo misto de gente que servia o rei do Egito, guiado por Moisés, o profeta de Javé, saiu em busca de uma nova terra.
·      Sua saída da servidão realizou-se sob a direção de Moisés, profeta de Javé, o Deus que tomava partido com os oprimidos (hebreus) em vista da sua libertação. Provavelmente este camponeses não teriam tido a coragem de enfrentar uma migração revolucionária sem uma religião deste tipo.

NO PROCESSO DE OCUPAÇÃO E INICIAÇÃO DO TRIBALISMO IGUALITÁRIO  OCORRE ROMPIMENTO COM A TEOLOGIA OFICIAL, PORÉM, ESTE ROMPIMENTO NÃO É RADICAL, A ESSÊNCIA DA TEOLOGIA OFICIAL CONTINUOU PRESENTE E, NO DECORRER DO PROCESSO, ESTA TEOLOGIA RETOMARÁ O CONTROLE DO DISCURSO RELIGIOSO.
       ALGUMAS PALAVRAS SOBRE: EL, BAAL E JAVÉ

A FÉ NO DEUS DE ISRAEL FUNDA-SE NA PRIMITIVA PERCEPÇÃO DO MISTERIUM TREMENDUM - CONFORME ESTE TREMENDUM VAI ADQUIRINDO FORMAS CONCRETAS SURGEM O EL, BAAL, JAVÉ, ETC.

·      EL : DEUS SUPREMO. EL APARECE COMO NOME PESSOAL DO CHEFE DO PANTEÃO UGARIT. (Gn. 14, 19)

·      BAAL (SENHOR): ANTIGO DEUS CANANEU. COMO DEUS DA TEMPESTADE E SENHOR DO TEMPO ATMOSFÉRICO, BAAL É O TRANSMISSOR DA FECUNDIDADE. (Os 2,2-13)

·      JAVÉ: YAHWEH  (AQUELE QUE É / EU SOU QUEM SOU) - POR UM TABÚ *, NO LUGAR DO NOME DIVINO ERA LIDO ADONAI (SENHOR) A COMBINAÇÃO NA ESCRITA DAS CONSOANTES IHWH E AS VOGAIS DE ADONAI, A-O-A, CRIARAM O HÍBRIDO JEOVÁ.
·      OS ISRAELITAS TERIAM TRANSFERIDO PARA JAVÉ JUSTAMENTE AS CARACTERÍSTICAS DETERMINANTES DE EL, AS DE CRIADOR DO MUNDO E DE REI DOS DEUSES.
·      A RELAÇÃO DA RELIGIÃO ISRAELITA COM A CANANÉIA SERIA ENTÃO, A GROSSO MODO, EXPRESSA PELA ADOÇÃO DOS CARACTERES DE EL, POR UM LADO, E PELA RECUSA DOS DE BAAL, POR OUTRO.
 * O NOME NÃO SOMENTE IDENTIFICA A PESSOA,
 MAS REVELA O SEU CARÁTER

MONARQUIA: O DESVIO DA CAMINHADA

CAUSAS DA QUEDA DO SISTEMA TRIBAL

a) CAUSAS INTERNAS:

¨    Ecológica: tribos em regiões mais férteis das planícies estavam em melhores condições do que grupos que foram para as montanhas ou regiões semi-áridas.
¨    Demográfica: os grupos eram numericamente diferentes, constituindo grupos com mais mão-de-obra, produzindo mais.
¨     Comercial: a proximidade com rotas comerciais facilitou a comercialização da produção
¨    Tecnológica: no final do tempo dos Juizes (1050 a.e.c) surgem novas técnicas agrícolas: o arado e o machado de ferro, a descoberta de como fazer cisternas e reservatórios de água (Ex 21,33-34) e a domesticação do boi (1 Sm 11,7). Tais descobertas possibilitaram uma considerável atividade agrícola e pecuária: platação de vinhas (1Sm 22,7), trigo (1Sm 6,13) e criação de gado (1Sm 11,5)

TODOS ESSES PONTOS GERARAM UMA SOCIEDADE DESIGUAL, COM RICOS (1SM 25,2); SERVOS SEM POSSES (1SM 9,3) E CAMPONESES ENDIVIDADOS - HAPIRUS - (1SM 14,21; 22,2)

b) CAUSAS EXTERNAS:
¨    A influência dos povos vizinhos que estavam se organizando e conquistando terra e controlando as rotas comerciais levou

¨    A riqueza acumulada por alguns grupos tribais, que acabou atraindo o interesse de povos vizinhos: amonitas (1Sm 11,1), edonitas e filisteus (1Sm 13,3). Para defender suas propriedades e atividades comerciais, os ricos começaram a exigir um exército permanente.
“ESCOLHA PARA NÓS UM REI, PARA QUE ELE NOS GOVERNE, COMO ACONTECE EM TODAS AS NAÇÕES” (1Sm 8,5)

¨     Israel quer ser como os outros povos;
¨    A instituição monárquica significa rejeição ao projeto tribal
¨    Com a monarquia surge o profetismo

JAVÉ ADVERTE SOBRE O DIREITO DO REI (1Sm 8, 10-18)

O QUE O TEXTO DO DIREITO DO REI EXPÕE É A MUDANÇA RADICAL QUE VAI ACONTECER COM O POVO: ELE VAI SER TRANSFORMADO EM ESCRAVO DO REI (8,17B). A INSTITUIÇÃO DO PODER CENTRAL SIGNIFICA DE FATO A DESTRUIÇÃO DO PROJETO IGUALITÁRIO.

 JAVÉ SE ARREPENDE DE TER ACEITO A MONARQUIA (1Sm 15, 11)

SAUL (1030 - 1010 a.e.c), DE LÍDER MILITAR A REI

¨     benjaminita, filho de um homem poderoso, proprietário de bois (1Sm 9,1; 11,5).
¨    primeiro chefe do exército permanente (1Sm 10,1). Faz frente à contínuas ameaças dos filisteus.
¨     no poder, usando a força do exército, Saul e seus aliados, tendem a acumular o excedente em benefício próprio (1Sm 22,7).
¨    transgride as leis tribais, mas busca legitimação religiosa em Javé (1Sm 15,12-15), gerando crise também no campo religioso.
¨    começa-se a articular uma teologia oficial, destoante da teologia tribal.

REI DAVI (1010 -  970 a.e.c): HEGEMONIA E IMPÉRIO

·      Primeiro grande monarca do povo de Israel
·      Filho de colono: Jessé, o belemita (1Sm 16,1)
·      Experiente líder militar, foi chefe do exército de Saul.
·      Famoso por suas façanhas militares: “Saul matou mil, mas Davi matou dez mil” (lSm 18,7)

CHAVES DA CONSOLIDAÇÃO DO PODER DO REI DAVI

ÂMBITO POLÍTICO
·      Conquista da cidade-estado de Jerusalém, habitado pelos jebuseus (Jerusalém é uma antiga cidade cananéia que remonta ao século XIV a.e.c.)
·      Jerusalém como cidade de Davi (2Sm 5,6-12)
·      Em Jerusalém, Davi reproduz o sistema das cidades-estado, tendo autonomia administrativa em relação às doze tribos.
·      Não se indispõe com as tribos, isentando-as de tributos.
·      Incorporou ao seu quadro administrativo os funcionáriso jebusitas (2Sm 8,15-18; 20, 23-26)

ÂMBITO ECONÔMICO
·      Cobrança de tributos de povos conquistados (2Sm 8,1-14) - edomitas, moabitas, filisteus, amonitas e arameus. Com esses tributos Davi conseguia manter seus palácios, seu exército e sua capital, aliviando assim as tribos de Israel.
·      Saque de guerra, corvéia estrangeira e tributos de povos vassalos (2Sm 8,13-14)



ÂMBITO MILITAR
·      Para não romper radicalmente com a tradição tribal de um exército popular, Davi manteve dois generais militares: Joab, ligado a tradição tribal (2Sm 8, 16) e Banaías, vinculado a um exército profissional permanente (mercenários).
·      Davi deixou de lado a lei tribal da “guerra santa”, segundo a qual só se podia guerrear em caso de defesa (Ex 17,16) e partiu para a guerra de conquista, tornando Israel um império.

ÂMBITO RELIGIOSO
·      Manteve a mesma dubialidade militar, como dois sacerdotes: Abiatar, sacerdote levita ligado à tradição tribal (2Sm 8,17) e Sadoc, provável sacerdote jebuseu.
·      Trouxe a Arca da Aliança, onde se guardava as tábuas da Lei, para a Jerusalém (1Sm 6, 1-19), colocando-a em uma propriedade real (2Sm 24). Deste modo, Davi institui um culto diretamente controlado pelo rei. Porém, manteve a Arca em um tenda, não rompendo radicalmente com a tradição tribal e respeitando a proibição do profeta Natã (2Sm 7,7).
·      Davi, legitimado pelo profeta Natã, torna-se o intermediário entre a divindade e o povo (2Sm 7, 8-16; Sl 89, 1-5). Obedecer ou desobedecer ao rei significa obedecer ou desobedecer à divindade.

ÂMBITO TEOLÓGICO
·      Teologia davídica: estabelecimento de um pacto eterno entre Javé e Davi (Sl 89)
·      Expressão da eleição de Davi e dos reis de Jerusalém como filhos de Javé (Sl 2)
·      Exaltação de Jerusalém como repouso de Javé (Sl 132)
·      No entanto, a teologia davídica não esquece que Javé é o Deus dos pobres (Sl 72)

A NAÇÃO DE ISRAEL NASCIDA COMO SOCIEDADE REVOLUCIONÁRIA VOLTOU A SER, SOB O REINADO DE DAVI, UMA SOCIEDADE DESIGUAL. SEU GOVERNO, PORÉM, NÃO FOI OPRESSIVO. SOBREVIVIA, EM GRANDE PARTE, COM OS TRIBUTOS PAGOS PELOS POVOS CONQUISTADOS. DAVI RESPEITOU AS TRADIÇÕES DAS TRIBOS. PREPAROU, NO ENTANTO, AS CONDIÇÕES PARA SALOMÃO, SEU FILHO, OPRIMIR O POVO, APÓS SUA MORTE.

REI SALOMÃO (970 - 931 a.e.c.): TRIBUTOS E OPRESSÃO

NO FINAL DO GOVERNO DE DAVI, NO CONTEXTO DA SUCESSÃO, A MONARQUIA ESTÁ EM CRISE. A ESTRUTURA ADMINISTRATIVA-RELIGIOSA MONTADA POR DAVI RACHA: A PARTE LIGADA AO TRIBALISMO APOIA ADONIAS (PRIMOGÊNITO DE DAVI) E A PARTE LIGADA À MONARQUIA APOIA SALOMÃO.

·      Salomão assume o poder graças a intrigas e conchavos palacianos (1Rs 1 e 2)
·      Sua primeira atitude no poder foi eliminar os remanescente da tradição tribal que estavam no poder (1Rs 2,25. 34-35. 39; 2Sm 3,4)
·      Estabeleceu um governo preocupado como o fortalecimento interno:
·      exército poderoso, com carros de guerra (1Rs 10,17-29)
·      intensificou as atividades comerciais, servindo de intermediário entre a Cilícia e o Egito, comprando destes para comercializar com os arameus (1Rs 10,26-29)
·      construiu o Templo de Jerusalém (1Rs 6 e 7), consolidando a teologia davídica (2Sm 7,8-16). A proibição feita no reinado de Davi é modificada: somente Davi foi proibido de construir um Templo (2Sm 7,13).
·      no período de Salomão não há profetas.
·      dividiu Israel em 12 distritos, impondo um governador para cada distrito (1Rs 4,7-19). Deixando de lado as autoridades vinculadas às tribos e impondo suas próprias autoridades. Cada governador era responsável pelo levantamento de tributos suficientes para a manutenção do aparelho do Estado pelo período de um mês por ano (1Rs 5, 1-8)

SALOMÃO GOVERNOU COM BRAVO FORTE, CENTRALIZOU O PODER POLÍTICO-RELIGIOSO, ROMPENDO DEFINITIVAMENTE COM ASPECTOS REMINESCENTES DA TRADIÇÃO TRIBAL.
REVOLTA DAS TRIBOS CONTRA A DINASTIA DAVÍDICA

·      AINDA NO GOVERNO DE SALOMÃO HOUVE UM LEVANTE DAS TRIBOS ENCABEÇADO POR JEROBOÃO DE EFRAIM (1Rs 11,40). O LEVANTE É REPRIMIDO E JEROBOÃO REFUGIA-SE NO EGITO.
·      SALOMÃO MORREU NO ANO 931 a.e.c.
·     ANTES DE COROAREM ROBOÃO, FILHO SE SALOMÃO, COMO REI, AS TRIBOS, NOVAMENTE LIDERADAS POR JEROBOÃO, CONVOCAM UMA ASSEMBLÉIA EM SIQUÉM E COLOCAM ALGUMAS CONDIÇÕES AO NOVO REI  (1Rs 12,1-4)

“AGORA ALIVIA A DURA SERVIDÃO DE TEU PAI E O JUGO PESADO QUE ELE NOS IMPÔS E NÓS TE SERVIREMOS (1RS 12,4)

·      CONSULTANDO SEUS CONSELHEIROS, ROBOÃO RESPONDEU:  “MEU DEDO MÍNIMO É MAIS GROSSO DO QUE A CINTURA DE MEU PAI.” (1Rs 12, 10)
      LER: 1Rs 12,1-15

·      DIANTE DA DUREZA DE JOBOÃO, O POVO DAS TRIBOS, LIDERADOS POR JEROBOÃO RESPONDEU: “QUE PARTE TEMOS COM DAVI? NÃO TEMOS HERANÇA COM O FILHO DE JESSÉ. PARA AS TUAS TENDAS, Ó ISRAEL! E AGORA CUIDA DA TUA CASA, DAVI!” (1Rs 12,16)

JUDÁ E ISRAEL: REINOS DIVIDIDOS

·      AS TRIBOS DE ISRAEL PROCLAMARAM JEROBOÃO REI, QUE FEZ  DE SIQUÉM SUA CAPITAL (1Rs 12,20.25). PORÉM, SIQUÉM PODE SER TRANSFORMADA EM UMA CIDADE REAL, COMO JERUSALÉM.
·      JEROBOÃO ACABOU POR SE TRANSFORMAR EM UMA LIDERANÇA MILITAR DO TIPO DE SAUL. ERA RESPONSÁVEL PELO EXÉRCITO, PORÉM, NÃO CONTROLAVA UM SISTEMA DE ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS.
·      A REVOLTA DAS TRIBOS TEM O APOIO DOS PROFETAS: AÍAS DE SILO (1Rs 11,26-40) E SEMEÍAS DE ELAM (1Rs 12,24)

O LEVANTE DAS TRIBOS CONTRA A CASA DE DAVI TEVE
O APOIO DE JAVÉ E SEUS PROFETAS (1Rs 12, 22-24)

·      JEROBOÃO TOMA MEDIDAS RELIGIOSAS FUNDAMENTAIS:
·      ESTABELECEU EM BETEL E DÃ LUGARES DE CULTO.
·      TANTO BETEL COMO DÃ ERAM ANTIGOS CENTROS DE CULTO A JAVÉ.
·      EM BETEL, SEGUNDO A TRADIÇÃO, JAVÉ APARECE AO PATRIARCA JACÓ (Gn 28,10-22)
·      EM DÃ, A TRIBO HOMÔNIMA HAVIA ESTABELECIDO SEU CENTRO RELIGIOSO (Jz 18,28-31)

“EIS O TEU POVO, ISRAEL,
QUE TE FEZ SAIR DA TERRA DO EGITO” (1Rs 12,28)

·      ESTE REFRÃO EXPRESSA O CARÁTER EXODAL DAS MEDIDAS RELIGIOSAS ASSUMIDAS POR JEROBOÃO.
·      AO IMPEDIR O POVO DE PEREGRINAR ATÉ O TEMPLO DE JERUSALÉM, JEROBOÃO ESTÁ COMBATENDO A IDEOLOGIA DAVÍDICA.
·      COM JEROBOÃO O POVO RECONQUISTOU ALGUM CONTROLE DA FÉ EM JAVÉ.

ELEMENTOS QUE LIMITARAM O PODER DOS REIS DE ISRAEL:

·      O EXÉRCITO QUE ERA RECRUTADO POR TRIBOS. DO SEIO DO EXÉRCITO SAÍA OS NOVOS REIS, IMPEDINDO A HEGEMONIA DE UMA ÚNICA FAMÍLIA.
·      A PARTICIPAÇÃO DOS PROFETAS DE JAVÉ NA VIDA PÚBLICA.

A DINASTIA DE AMRI (884-841 a.e.c)

·      AMRI ERA CHEFE DO EXÉRCITO E ASSUME O PODER APÓS O ASSASSINATO DO REI ELA (1Rs 16,16)
·      ISRAEL ENFRENTA PROBLEMAS DE DEFESA: JUDÁ SE ALIARA AOS ARAMEUS DE DAMASCO E ESTAVA INVADINDO TERRITÓRIOS ISRAELITAS.
·      AMRI ENFRENTOU A CRISE COMBINANDO UMA POLÍTICA INTERNA DE REFORÇO DO ESTADO COM UMA POLÍTICA EXTERNA DE ALIANÇAS.
·      POLÍTICA INTERNA: A COMPRA DE UM TERRENO PARA A CONSTRUÇÃO DA CAPITAL COMO PROPRIEDADE DA COROA - SAMARIA (1Rs 16,24).
·      MONTOU UM CORPO BUROCRÁTICO ADMINISTRATIVO;
·      CONSTRUIU UM TEMPLO CONSAGRADO AO DEUS BAAL (1Rs 16,32), POIS O CULTO A JAVÉ NÃO SERVIA, IDEOLOGICAMENTE, PARA EXALTAR A FIGURA DO REI.
·      POLÍTICA EXTERNA: FEZ ALIANÇA COM OUTRAS NAÇÕES - TIRO E SIDÔNIA. CASOU SEU FILHO, ACAB, COM JEZABEL, PRINCESA DE SIDÔNIA. SUA NETA, ATALIA, FILHA DE ACAB, FOI DADA EM CASAMENTO A JORÃO, REI DE JUDÁ. ACABOU-SE MEIO SÉCULO DE GUERRAS FRONTEIRIÇAS.

O REI ACAB E O ASSASSINATO DE NABOT (1Rs 21, 1-16)

·      É UM RELATO MODELO DO QUE ESTÁ ACONTECENDO COM OS CAMPONESES NO SÉCULO VIII a.e.c
·      É ESTRUTURADO EM FORMA DE QUIASMO

A HISTÓRIA DA VINHA DE NABOT NOS PERMITE ENTENDER O QUE ESTAVA EM JOGO NESTE CONFLITO APARENTEMENTE RELIGIOSO. O REI ACAB COBIÇARA A VINHA, HERANÇA DE NABOT, QUE CONFINAVA, COM O PALÁCIO DE JEZRAEL. APELANDO À LEI SINAÍTICA QUE PROIBIA A ALIENAÇÃO DE TERRAS PRODUTIVAS (Lv 25,23-31), NABOT RECUSOU-SE A VENDÊ-LA. AO REI NÃO COUBE OUTRA ALTERNATIVA SENÃO ACEITAR A DECISÃO AMPARADA PELA TRADIÇÃO LEGAL DE ISRAEL. JEZABEL, NO ENTANTO, PELAS TRADIÇÕES POLÍTICAS DE SEU PAÍS, SABIA QUE NÃO HAVIA LEI ACIMA DA VONTADE DO REI E PROCEDEU AO “CONFISCO” DA VINHA DE NABOT (1Rs 21,4-16). ESTE ERA O FUNDO SOCIAL DE UM CONFLITO ENTRE JAVÉ E BAAL. ESTAVAM EM JOGO OS INTERESSES ECONÔMICOS DOS ISRAELITAS, SUAS PRÓPRIAS VIDAS QUE DEPENDIAM DE SUAS TERRAS.

·      A DINASTIA AMRIDA, ALICERÇANDO-SE NO CULTO A BAAL, IMPÕE ÀS TRIBOS UM GOVERNO AUTORITÁRIO E OPRESSOR. EXERCE PLANAMENTE O DIREITO DO REI (1Sm 8,11-17)
·      ELIAS, O PROFETA DE JAVÉ, LEVANTA-SE CONTRA BAAL, O DEUS DO SISTEMA TRIBUTÁRIO, QUE JUSTIFICA A VIOLÊNCIA CONTRA A VIDA DOS CAMPONESES.




QUADRO CRONOLÓGICA DA HISTÓRIA DE ISRAEL
Þ     APROX. 1400 - 1250 a.e.c           -  ÊXODO
Þ    1000 a.e.c                                    - DAVI CONQUISTA JERUSALÉM
Þ     931 a.e.c                                     -  JEROBOÃO COM AS TRIBOS SE
  REVOLTAM CONTRA ROBOÃO
Þ     884 - 841 a.e.c                            -  A DINASTIA AMTIDA (AMRI, ACAB,
 OCAZIAS, JORÃO)
Þ     841 - 752 a.e.c                            -   A DINASTIA DE JEÚ (JEÚ,
                                                    JOACAZ, JOÁS, JEROBOÃO II,
                                                            ZACARIAIS)
Þ     722 a.e.c                                    -  DESTRUIÁCÃO DA SAMARIA  
 PELOS ASSÍRIOS
Þ     640- 609 a.e.c                            -  REINADO DE JOSIAS (REFORMA)
Þ     597 a.e.c                                    -  DEPORTAÇÃO DE JOAQUIM À
BABILÔNIA
Þ     586 a.e.c                                   -   DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM
Þ     538 a.e.c                                   -  RETORNO SOB SASABASSAR
Þ     520 -515 a.e.c                           -  RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO DE
JERUSALÉM
Þ     445 a.e.c                                   -  GOVERNO DE NEEMIAS
Þ     332 a.e.c                                   -  ALEXANDRE MAGNO CONQUISTA A
PALESTINA
Þ     301-198 a.e.c                            -  DOMÍNIO PTOLOMEU SOBRE A
                                                  PALESTINA
Þ      167 - 164 a.e.c                                    -  INSURREIÇÃO DOS MACABEUS
Þ       63 a.e.c                                               -  POMPEU CONQUISTA JERUSALÉM
          PARA OS RAMANOS
Þ       66 - 70 d.e.c                           -  PRIMEIRA GUERRA CONTRA
ROMA: DESTRUIÇÃO DO TEMPLO
Þ      132 -135 d.e.c                                     - SEGUNDA GUERRA CONTRA  ROMA;                                                               FIM DA HISTÓRIA DE ISRAEL.

BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA

CRÜSEMANN, Frank. A Torá: teologia e história social da lei do Antigo          Testamento. Petrópolis: Vozes, 2001.

DONNER, Herbert. História de Israel e dos povos vizinhos: vol 2 da época da
divisão do Reino até Alexandre Magno. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes, 1997.

FARIA, Jacir de Freitas (org) História de Israel e as pesquisas mais recentes.
Petrópolis: Vozes, 2003.

GOTTWALD, Norman K. Introdução socioliterária à Bíblia hebraica. São        Paulo: Paulinas, 1988.

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